Ações Americanas: 2 anos após o escândalo financeiro

Ações Americanas: 2 anos após o escândalo financeiro

Ações Americanas: Impacto e Recuperação

A revelação da fraude contábil das ações americanas (AMER3) completa dois anos neste sábado, 11 de janeiro. O escândalo, anunciado em 2023, abalou profundamente o mercado financeiro e deixou uma marca duradoura na história do setor varejista brasileiro. Neste artigo, exploramos o impacto dessa crise nas ações lojas americanas e nas ações da Americanas, analisando as lições para os investidores e avaliando as perspectivas futuras para a empresa.

A descoberta da fraude e seu impacto inicial

No início de 2023, a Americanas surpreendeu o mercado ao divulgar inconsistências contábeis estimadas em R$ 20 bilhões. Essas irregularidades, decorrentes de práticas financeiras inadequadas, inflaram os números apresentados nos balanços. A reação do mercado foi rápida e severa: as ações americanas despencaram 77% em apenas um dia, caindo de R$ 12 para R$ 2,72.

O choque inicial não foi apenas financeiro, mas também de confiança. A empresa, que já ocupava um lugar de destaque entre as principais varejistas da bolsa de valores, passou a ser sinônimo de instabilidade e má gestão. O impacto foi tão grande que, poucos dias após o anúncio, a Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial, reconhecendo uma dívida de R$ 43 bilhões.

A evolução das ações americanas

Do momento da revelação até hoje, as ações da Americanas enfrentaram uma trajetória de queda constante. Atualmente, acumulam uma desvalorização de 99,5% desde o início da crise, reduzindo significativamente o valor de mercado da empresa.

Essa drástica redução transformou as ações em “penny stocks”, ou seja, papéis de baixo valor negociados na bolsa. Embora tenham ocorrido pequenos picos em determinados momentos, impulsionados por notícias positivas de curto prazo, esses movimentos não foram suficientes para alterar o cenário predominantemente negativo.

Ações Americanas - Foto: Pixabay
Ações Americanas – Foto: Pixabay

Lições para os investidores

A crise das ações lojas americanas oferece importantes aprendizados para investidores. Especialistas do mercado financeiro destacam três pontos fundamentais:

  1. Transparência e governança corporativa:
    De acordo com Caroline Sanchez, da Levante Inside Corp, investidores devem priorizar empresas que apresentam práticas transparentes e confiáveis. A falta de clareza nos balanços financeiros da Americanas foi um dos principais fatores que levaram ao colapso das ações.
  2. Diversificação de carteira:
    Rogério Paulucci, professor da FIPECAFI, enfatiza a importância de diversificar investimentos. Ter uma parcela significativa do portfólio em ativos de alto risco, como as ações americanas pós-crise, pode levar a perdas irreparáveis em situações de instabilidade.
  3. Análise dos controladores:
    Artur Horta, da GTF Capital, alerta para o histórico dos controladores. No caso das Americanas, os acionistas majoritários associados ao grupo 3G já enfrentaram questões de governança em outras empresas, como a Ambev.

Vale a pena investir nas ações da Americanas?

Embora o preço atual das ações americanas possa parecer uma oportunidade, analistas recomendam cautela. O consenso entre os especialistas é que os riscos associados à empresa ainda são altos, e a recuperação, se ocorrer, será lenta e incerta.

Segundo Felipe Sant’ Anna, embora possam surgir movimentos de alta pontuais devido a notícias de curto prazo, a estrutura fundamental da empresa foi gravemente comprometida. Ele compara a situação a um vaso quebrado, onde a reconstrução completa é improvável.

Já Acilio Marinello, da Essentia Consulting, avalia que uma crise de desconfiança pode levar décadas para ser superada. Para ele, apenas investidores com perfil extremamente arrojado e muita paciência deveriam considerar a possibilidade de manter ou adquirir ações da Americanas.

Relembre o caso Americanas

A história da crise começou em 11 de janeiro de 2023, quando a Americanas divulgou inconsistências contábeis relacionadas a operações de risco sacado não registradas corretamente. Essas práticas estavam em andamento há pelo menos sete anos, mascarando a real situação financeira da empresa.

Além das perdas financeiras, a crise resultou na saída imediata de líderes recém-empossados, como o CEO Sérgio Rial e o CFO André Covre.

A recuperação judicial, iniciada dias após a divulgação da fraude, foi uma das maiores já registradas no Brasil. Com mais de 16 mil credores e uma dívida monumental, a Americanas precisará enfrentar um longo caminho para restaurar sua posição no mercado.

O impacto na concorrência e no mercado brasileiro

Enquanto as ações da Americanas colapsavam, outras empresas do setor varejista se beneficiaram. O Mercado Livre, por exemplo, capturou uma fatia significativa do mercado deixado pela Americanas, consolidando sua posição como uma das líderes do setor.

Por outro lado, o escândalo também afetou negativamente a reputação de outras empresas ligadas aos mesmos controladores, como a Ambev, cujas ações caíram quase 8% na época.

2 anos após o escândalo financeiro

Dois anos após a revelação da fraude, as ações americanas continuam enfrentando um cenário desafiador. O impacto dessa crise reforça a importância de práticas de governança transparentes, diversificação de investimentos e análise cuidadosa dos ativos antes de investir.

Embora existam oportunidades no mercado varejista, as ações lojas americanas são vistas como uma escolha de alto risco, recomendada apenas para investidores experientes e dispostos a aguardar por uma recuperação a longo prazo.

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