Itaú BBA Rebaixa Ações do Nubank: Análise da Desvalorização

Itaú BBA Rebaixa Ações do Nubank: Análise da Desvalorização

O Itaú BBA revisou recentemente a recomendação para as ações do Nubank, ajustando a classificação para “market perform” — o que equivale a uma postura neutra em relação ao ativo — e reduzindo o preço-alvo de US$ 17 para US$ 15, sugerindo uma desvalorização potencial de 4% com base no fechamento da última sessão. Essa reavaliação reflete a preocupação com o desempenho da fintech no terceiro trimestre de 2024, incluindo uma desaceleração no ritmo de crescimento de receitas e questões futuras relacionadas ao mercado de crédito.

Motivo da Revisão da Recomendação do Nubank

A decisão do Itaú BBA de rebaixar a recomendação das ações do Nubank (NU; ROXO34) reflete as percepções sobre os resultados apresentados pela fintech no terceiro trimestre. As ações do Nubank caíram aproximadamente 10% na bolsa de Nova York e mais de 12% na B3, em resposta ao relatório financeiro divulgado. Mesmo com um crescimento expressivo no lucro líquido, que mais que dobrou em relação ao ano anterior, a análise do Itaú BBA aponta para uma possível revisão das previsões de lucro da companhia e para um enfraquecimento nos múltiplos de expansão.

Embora as linhas de crédito e a carteira de cartões do Nubank no Brasil estejam em crescimento, o aumento da receita vem ocorrendo de forma mais lenta do que o esperado. A análise de Pedro Leduc e sua equipe indica que essa desaceleração poderia comprometer a trajetória de expansão do banco digital, uma vez que os produtos de alta renda, tanto no Brasil quanto no México, ainda não representam uma fatia significativa da receita. Esse fator reforça a necessidade de cautela, já que a adaptação às mudanças no mercado se mostra mais desafiadora e pode ser um obstáculo para o crescimento do Nubank no curto e médio prazo.

Ações da Nubank
Ações do Nubank

Perspectiva do Itaú BBA Sobre o Ambiente de Crédito em 2025

Uma das principais preocupações do Itaú BBA com relação ao Nubank é a previsão de um cenário de crédito mais desafiador em 2025. Segundo a análise, a expectativa de um ambiente econômico com margens mais apertadas e uma possível elevação no risco de crédito tende a ser impactada pela política monetária e pelo ciclo de alta dos juros conduzido pelo Banco Central. Essas medidas podem afetar diretamente a margem financeira do Nubank, além de contribuir para uma desaceleração do crescimento da receita.

Com base em suas estimativas, o Itaú BBA projeta que o lucro líquido do Nubank em 2025 será de aproximadamente US$ 2,8 bilhões, uma redução de 17% em relação aos valores inicialmente esperados. Ainda que a fintech tenha potencial para aumentar sua participação em segmentos específicos, como o de empréstimos consignados e em outras regiões, como México e Colômbia, o Itaú BBA alerta que a desaceleração no Brasil não pode ser ignorada.

Desempenho do Nubank no Terceiro Trimestre de 2024 (3T24)

O Nubank registrou um lucro líquido de US$ 553 milhões no terceiro trimestre de 2024, uma alta de 107% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse aumento expressivo destaca a capacidade do Nubank de expandir sua base de clientes e diversificar seus serviços, embora o ritmo de crescimento da receita esteja moderando. A expectativa dos analistas consultados pela LSEG era de US$ 559 milhões, o que demonstra que os resultados ficaram levemente abaixo do esperado.

Além disso, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) da fintech atingiu um recorde de 30%, superando o índice do Itaú, que registrou 23,7% no mesmo trimestre. Esse indicador, importante para medir a rentabilidade de uma empresa, posiciona o Nubank como uma fintech com potencial de rentabilidade acima da média do setor bancário tradicional. Apesar disso, a desaceleração da receita sugere que o banco digital pode enfrentar dificuldades para sustentar esse nível de retorno em um ambiente de crédito mais adverso no futuro próximo.

Análise dos Riscos e Oportunidades do Nubank no Mercado

Mesmo com o rebaixamento, os analistas do Itaú BBA reconhecem que o Nubank possui uma posição privilegiada para conquistar novos mercados e atrair clientes de diferentes segmentos socioeconômicos, especialmente de renda média-alta, além de expandir seu portfólio de serviços em mercados internacionais. No entanto, os riscos associados ao ambiente de crédito e à inflação elevada no Brasil podem limitar as oportunidades de expansão e pressionar as margens da empresa, exigindo maior cautela e monitoramento.

Nas avaliações dos analistas, o Nubank é negociado atualmente com um múltiplo de 27 vezes o índice preço/lucro (P/L), o que, segundo o Itaú BBA, pode não ser sustentado caso o ambiente de crédito continue a se deteriorar.

O Que Esperar das Ações do Nubank

Apesar de o Itaú BBA ter rebaixado a recomendação para as ações do Nubank, o banco reconhece o potencial da fintech como uma vencedora a longo prazo. Ainda assim, os desafios que se apresentam no curto e médio prazo justificam a recomendação neutra e a redução no preço-alvo das ações. A análise sinaliza que o Nubank precisará manter um controle rigoroso sobre a expansão de suas linhas de crédito e avaliar com cautela suas oportunidades de crescimento internacional.

Para investidores que buscam exposição ao setor de tecnologia financeira, as ações do Nubank podem ser vistas como um investimento de longo prazo, com potencial de crescimento no mercado de crédito digital e em novas geografias. No entanto, os riscos associados ao cenário de crédito e às incertezas econômicas exigem um acompanhamento cuidadoso.

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